quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Resenha

Resenha do artigo “Nada na Língua é por acaso” de Marcos Bagno publicado na revista Presença Pedagógica

Formadora: Antª Elizete Amâncio Araújo - Hidrolândia/Ce

De acordo com Marcos Bagno existem na sociedade dois tipos de discurso, o científico, fundamentado nas teorias da Lingüística moderna, e o discurso do senso comum, que opera com a noção de erro.

Segundo as ciências da linguagem, não existe erro na língua, sendo está entendida como um sistema de sons e significados que se organizam para que haja a interação humana, já para a sociolingüística a noção de erro se prende a fenômenos sociais e culturais.

Diante da necessidade de padronizar a língua, surgiu a gramática tradicional com uma abordagem não-científica, ou seja, não se trata de uma definição lingüística, mas sim de uma definição metafísica, causando dessa forma um comprometimento no estudo lingüístico, isso porque a gramática tradicional não é fundamentada em um pensamento teórico lingüístico, mas sim em especulações filosóficas que advinha da cultura grega, baseado nos trabalhos de Platão, Aristóteles e de outros grandes pensadores, que segundo estes o estudo da linguagem humana era uma etapa inicial da mente que se correspondia com o funcionamento do próprio universo.

No entanto Marcos Bagno afirma ainda que a Gramática Tradicional deve ser estudada, como um importante patrimônio cultural do Ocidente, mas não para ser aplicada cegamente como teoria lingüística válida nem muito menos, como instrumental adequado para o ensino, já que esta se constitui como base em preconceitos sociais que vêm sendo sistematicamente denunciados e combatidos, pois os próprios formuladores foram os primeiros a perceber duas grandes características, a variação e a mudança, ou seja comparando a língua escrita dos grandes escritores do passado e a língua falada espontânea, concluíram que a língua falada era caótica, sem regras, ilógica, e que somente a Língua escrita literária merecia ser estudada, analisada e servir de base para o modelo do “bom uso” do idioma. E ainda comparando a Língua falada de seus contemporâneos e a Língua escrita das grandes obras literárias do passado concluíram que, com o tempo, a Língua tinha se degenerado, se corrompido e que era preciso preservá-la da ruína e da deterioração. Essa separação entre fala e escrita é rejeitada pelos estudos lingüísticos contemporâneos pois estes não concordam que todo e qualquer uso da Língua que esteja distante da Linguagem Literária consagrada;toda pronúncia;todo vocabulário, ou seja tudo o que não consta dos usos das classes sociais letradas como acesso à escolarização seja visto como erro, causando um tipo de exclusão a maioria das pessoas que devido o processo de normatização dá a entender que a Língua está fora de nós e de difícil acesso.

Enquanto a Gramática Tradicional defini a Língua como abstrata e que há apenas uma forma certa de dizer as coisas, a Línguística concebe a Língua como uma realidade variável, mutante e demonstra que todas as formas de expressão verbal seguem regras e tem uma lógica Linguística perfeitamente demonstrável, ou seja, nada na Língua é por acaso, tudo tem uma explicação científica, tem uma razão de ser.

Falar em erro na língua é negar o valor das teorias científicas e da busca de explicações racionais.

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