quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Nada na língua é por acaso

Resenha: Francisco de Assis Linhares de Sousa

Professor Formador Gestar II – CE/09/12/2009

Disciplina: Língua Portuguesa

BAGNO, Marcos

Na língua Portuguesa há muitas contradições. Para uma pequena parcela da sociedade, os mais favorecidos, a norma padrão impera e se chama de errada as particularidades da língua de alguns setores sociais. Enquanto os linguistas defendem os dialetos, isto é, o jeito próprio que cada um tem de se comunicar, em muitas situações essa forma de transmissão, de passar uma mensagem é considerado um erro.

A linguagem padrão, norma culta, parece realmente predominar. É comum que as oportunidades sejam mais acessíveis para aqueles cuja língua padrão lhe é mais favorável. Isto gera uma espécie de preconceito fazendo com que alguns dialetos regionais ou sociais sejam entendidos e tratados de forma pejorativa, os próprios falantes desses dialetos consideram-se diminuídos, uma vez que contemplam os falantes do Sul, por exemplo. É comum o povo do Nordeste e do Norte, principalmente do interior, achar bonito os cariocas falando e isso fundamenta a tese de que o preconceito com a comunicação é cultural e está enraizado, já que, pela forma que durante muito tempo foi colocada, o próprio falante considera um erro a forma de falar dele mesmo.

É comum que se ouça o aluno fazer algumas pronúncias do tipo “eu li a frase da praca” ou “eu vou no banheiro” e o professor sem qualquer cuidado o repreende: “não se diz praca e sim placa “também não se diz vou no banheiro e sim vou ao banheiro” e isto certamente vai travando a pessoa que irá sempre ter receio de pronunciar algumas expressões do cotidiano. É claro que a norma padrão tem que ser ensinada, mas de modo que o estudante não venha a pensar que tudo que falou ou que escreveu até então seja considerado um erro.

É necessário, porém que o ensino seja encarado como um novo saber que se irá somar aos vários conhecimentos que já se tem, sem necessariamente, ser entendido como mais certo ou mais importante do que nossos conhecimentos sociais e regionais.

O professor de Língua Portuguesa tem que estar muito atento ao conhecimento sociolinguístico de seu grupo e ter o cuidado incessante de respeitar os saberes prévios dos aprendizes e a partir daí proporcionar uma ampliação na sua forma de se comunicar tornando-se assim competente e seguro nas suas relações sociocomunicativas.

Conclui-se, então que é de fundamental importância que o profissional da educação esteja sempre adquirindo novos saberes para não cometer falhas de considerar errado aquilo que nada mais é que uma variação lingüística.

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