quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Acampamento

Assis Linhares

Quando ainda era bem jovem, talvez adolescente, gostava muito de aventuras, desafiar o desconhecido, enfrentar alguns perigos somente pelo prazer de sentir a adrenalina que envolvia os sentimentos.

Lembro-me de uma certa vez que junto com mais dois amigos fomos acampar às margens de um rio bem distante, cujo percurso em caminhada firme levava pelo menos dois dias. Caminhando por pequenas trilhas, muitas vezes tendo que abrir outras para que pudéssemos chegar ao nosso destino, íamos satisfeitos pelo simples fato de estarmos superando limites. Quando nos sentíamos cansados, parávamos para descansar um pouco e nos alimentar. Enquanto isso, ouvíamos a bramido dos animais que muitas vezes nos assustava.

Logo que recuperávamos nossas energias, seguíamos novamente e tínhamos que suportar a lamentação do nosso amigo mais jovem que parecia está arrependido de ter nos acompanhado. Reclamava muito e sempre dizia ouvir coisas que nós não ouvíamos e nós como éramos mais aventureiros e mais afoitos, procurávamos convencê-lo de que o que ele estava ouvindo era fruto do medo que ele estava sentindo e ríamos dos sustos que o coitado sempre tomava.

Num certo momento ouvimos um grito de horror, Corremos para vê o que estava acontecendo e constatamos que era nosso amigo que estava em cima de uma árvore bem alta colhendo umas frutas para melhorar nosso jantar, mais ele estava muito assustado. Pelo pavor que apresentava, percebemos que parecia coisa séria e fomos chegando de mansinho e de tanto que tremia, ele não conseguia falar direito e nós vimos que o susto era real, que ele estava transtornado. Fomos nos aproximando, um pouco cismados, hesitamos antes de chegar perto, já que desta vez, nós também estávamos um tanto quanto tensos, todavia, para não assustá-lo mais ainda, nos fizemos de corajosos, dando uma de heróis, chegamos o mais perto que podemos, aí vimos em um galho da árvore que ficava abaixo do galho em que ele estava, uma cobra enorme e um pouco acima havia a casa de um marimbondo.

Nessa hora trememos na base, mas tínhamos que agirmos e ajudar nosso amigo que estava realmente correndo perigo.

Enquanto ouvíamos os lamentos dele, que eram apenas sussurros, para não assustar os animais. Começamos foi a rezar. Foi aí que lembramos de umas lições que já havíamos aprendido. Arranjamos um cupim ateamos um pequeno fogo, enfiamos sobre a ponta de uma vara e apontamos na direção da cobra e, como os animais silvestres temem o fogo, ela foi se desenrolando e fugindo para outro lugar. Nosso amiguinho desceu e respirou aliviado.

Daquele momento em diante ficamos o mais juntos possível e resolvemos voltar para casa.

No entanto, a aventura não foi em vão.

Tiramos dela várias lições, entre tantas, uma ficou bem clara: quando se resolve acampar é necessário planejar bem e ter sempre alguém experiente por perto.

Hoje, quando nos encontramos até nos divertimos ao lembrar daquela época, mas talvez acampar não esteja mais em nossos planos.

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